Steelers entram, até o momento, para a temporada 2024 com apenas um wide receiver estabelecido na liga: George Pickens. Indo para o seu 3º ano, Pickens mostrou evolução como segundanista em relação ao seu ano de calouro. Em 2022, Pickens teve 52 recepções para 801 jardas e 4 TDs. Enquanto em 2023, teve 63 recepções para 1140 jardas (16º melhor da liga) e também 5 TDs. São números interessantes, exceto a quantidade baixa de TDs, que podemos colocar na conta do ex-OC Matt Canada e do fraco corpo de quarterbacks que tínhamos até então. Jogadores com similares jardas no ano passado tiveram muito mais targets e recepções que Pickens. Enquanto Pickens teve apenas 106 targets, Stefon Diggs teve 160 (107 recepções para 1183 jardas), Pittman teve 156 (109 recepções para 1152 jardas), Davante Adams com 175 targets (103 recepções para 1144 jardas) e Chris Olave teve 138 (87 recepções para 1123 jardas). De jogadores com mais jardas que ele, somente Brandon Aiyuk (calma torcedor!) teve menos targets: 105 (75 recepções para 1342 jardas); enquanto todos os demais (exceto Nico Collins, também com 106 targets) tiveram no mínimo 28 targets a mais que Pickens (fonte nfl.com).
O que falta para Pickens ser um WR (super) elite na liga? Melhorar sua árvore de rotas! Mas antes de nos aprofundarmos nesse assunto, aqui está uma breve explicação das rotas:
FLAT > rota curta e rápida, que corta para “fora” do campo e QB lança rapidamente a bola;
SLANT> rota curta e rápida, que corta para o meio do campo e QB lança rapidamente a bola;
COMEBACK > rota que WR corre e retorna para fora do campo, se posicionando à frente de seu defensor;
CURL > rota que WR corre e retorna em direção ao meio do campo, se posicionando à frente de seu defensor;
OUT > rota de meio de campo, “cortando” para fora do campo;
DIG/IN > rota de meio de campo, “cortando” para o meio;
CORNER > rota longa que o jogador corre ao fundo, em direção aos corners;
POST > rota longa que o jogador corre ao fundo, para o meio do campo, em direção ao poste (de Field Goal);
GO/FLY > rota de fundo de campo, correndo em linha reta;
De acordo com o especialista Matt Harmon, do site Reception Perception – site especializado em ver rotas dos wide receivers e percentagem de sucesso – mostra que, em 2022, 32,4% das corridas do Pickens foram na rota “Go”. Outras rotas majoritárias foram “Curl” (19,5%) e a “Corner” (9,2%). Em 2023, essas mesmas rotas tiveram, respectivamente, os percentuais de 23%, 13,4% e 10%. Enquanto outras rotas foram adicionadas à sua árvore de rotas, principalmente “Slant” (20,9%), “Dig” (10,9%) e “Post” (8,8%).
A tabela de sucesso em rotas mostra que Pickens levou a melhor sobre seus marcadores em 58,2% na rota “Go”, 75% na rota “Corner”, 76,5% na rota “Out”, 100% na rota “Comeback” e 100% na rota “Screen”. Apenas nessas rotas a taxa de sucesso é considerada boa. Nas rotas “Curl”, “Flat” e “Slant”, ele tem uma taxa regular de sucesso, enquanto nas rotas “Post” e “Dig”, apresenta um baixo percentual de sucesso.
Se compararmos com seu ex-parceiro de time, Diontae Johnson, vemos que o sucesso nas rotas de Diontae é muito superior ao de Pickens e provavelmente superior ao de qualquer jogador da NFL. Mas não somente comparando a Diontae, vejamos os números dos dois últimos principais recebedores dos times do Arthur Smith, seja como OC nos Titans ou HC nos Falcons.
Obviamente, jogadores diferentes têm características diferentes. Diontae foi considerado dispensável pelos Steelers não por falta de qualidade em correr rotas, até porque ele é um dos melhores da liga nesse quesito, mas por outras razões, como dedicação ao time, engajamento em bloquear, etc. No entanto, AJ Brown, em 2021, quando foi Pro Bowler, teve excelente sucesso em 7 das 10 rotas possíveis. Drake London, no ano passado, teve excelente sucesso em 6 de 10 rotas possíveis, tendo QBs (pasmem) ainda piores que Pickett, Trubisky (pior que esse talvez não) e Rudolph.
O novo treinador de WRs, Zach Azzanni, tem 26 anos de experiência na liga e melhorou consideravelmente Garrett Wilson, WR da mesma classe de Pickens, jogando pelos Jets. O jogador teve excelente sucesso em 9 de 10 rotas possíveis! Já vimos entrevistas no minicamp de Calvin Austin III elogiando o novo treinador e sua abordagem nos detalhes dos ensinamentos. O próprio Azzanni afirmou que está nos Steelers para desafiar George Pickens a melhorar e ser um dos melhores da liga. E os Steelers têm esperanças que Pickens se torne uma super estrela na liga, por isso também deixaram Diontae sair. Principalmente porque Pickens tem todas as qualidades para ser aquilo que esperamos dele: altura, tamanho, velocidade, atleticismo, mãos seguras… Agora, só falta se atentar aos detalhes e esperar que o combo “QB de qualidade + experiente técnico de WRs” eleve o jogador ao status de incontestável wide receiver um na NFL.
Autor: Thiago Fernandes / @thigfernandes