Que ganhar um Super Bowl é algo extremamente difícil, nós já sabemos. Porém, como torcedores de uma das maiores (ou a maior) franquia da era Super Bowl, às vezes acabamos esquecendo que chegar lá já é um grande feito. Jogar no maior palco do futebol é algo que algumas franquias nunca conseguiram, como Detroit Lions e Cleveland Browns. Algumas equipes tradicionais têm o vice-campeonato como maior feito de sua galeria, como o Buffalo Bills e o Minnesota Vikings. Muitas grandes equipes acabam sendo esquecidas pelo fato de nunca terem ganho um anel, e quando se trata de uma franquia vencedora, esse esquecimento se torna ainda maior.
Pensando nesse cenário, o #TBT irá falar sobre um dos melhores times da história do Pittsburgh Steelers, que infelizmente não é tão lembrado pelo fato de nunca ter conquistado um título. Estamos falando do grande time de 1995.
Os anos 90 foram anos de reconstrução para a franquia de Pittsburgh. Quem sabe um dia a década vire um TBT também, mas por hoje, falaremos de uma temporada que teve altos e baixos, ao melhor estilo Steelers de ser, e que não terminou com o até então tão sonhado pentacampeonato por detalhes do destino.
A temporada de 95 começou com grande expectativa, pois os Steelers ficaram a 3 dolorosas jardas de jogarem o Super Bowl na temporada anterior. Com um treinador mais experiente e uma defesa dominante, seria o momento certo para voltar ao topo da liga. Porém, o começo não foi nada animador. Mesmo iniciando com vitórias contra as equipes de Houston (até então Oilers) e Detroit, o time acabou perdendo seu quarterback titular, Neil O’Donnell, por 3 partidas e foi para a semana de bye com um recorde de 3-3, incluindo uma derrota por 44×24 em casa para o Minnesota Vikings. Na volta da sua semana de folga, outra derrota (também em casa), desta vez para o rival de divisão, Cincinnati Bengals, por 27×9, dando uma campanha negativa e apontando um fim de temporada melancólico para os comandados de Bill Cowher. Mas já na semana seguinte tudo mudaria drasticamente, com uma vitória sólida sobre o Jacksonville Jaguars por 24×7. Foi só o início da grande arrancada da equipe, que conquistou 8 vitórias seguidas e garantiu a segunda melhor campanha da AFC.
Com uma defesa que voltou a ser agressiva, baseada na sua forte dupla de linebackers Kevin Greene e Greg Lloyd, além do safety Carnell Lake, que seria eleito para o second team All-Pro daquele ano, a unidade terminou a temporada como a 9ª melhor da liga. Mesmo dominante, não teve o mesmo status de elite de anos anteriores, o que tornava o ataque daquela equipe a grande surpresa da temporada, passando de mediano para top 5 da liga. Neil O’Donnell comandou o setor ofensivo no melhor estilo Jimmy Garoppolo, que via em Yancey Thigpen sua melhor ameaça aérea, além do calouro QB-WR Kordell Stewart, que rapidamente ganhou o apelido de Slash por sua velocidade e capacidade de criar jogadas. Além de um bom jogo terrestre com Bam Morris e Erric Pegram, e o center All-Pro e futuro membro do Hall da Fama Dermontti Dawson, aquela equipe foi derrotada apenas na última semana para o forte Green Bay Packers de Brett Favre, quando já tinha sua situação de “segundo lugar da AFC” definida dentro da conferência americana.
Após terminar a temporada regular em alto nível, a equipe chegava preparada para enfrentar um Buffalo Bills que disputou 4 das últimas 5 finais de AFC. Contando com o apoio incondicional da torcida no Three Rivers Stadium, os Steelers tiveram uma atuação de gala ao vencerem os Bills por 40×21 e ficarem novamente a um passo de retornar ao Super Bowl.
O adversário na final de conferência seria o velho conhecido Indianapolis Colts, que vinha confiante após eliminar os Chiefs (seed 1) fora de casa no Divisional Round. Liderados pelo QB Jim Harbaugh (sim, todos nós conhecemos esse nome), a equipe de Indiana proporcionou um jogo muito difícil, que só terminou no estouro do relógio após uma jogada na endzone em que um recebedor dos Colts deixou a bola escapar e cair no chão. Era o que bastava, toda a cidade de Pittsburgh comemorava. Após 16 anos, os Steelers voltavam ao Super Bowl.
Velhos conhecidos….
Lances malucos que deram certo, uma jornada de redenção, um time maduro e… um adversário que já era conhecido de outros tempos e o time sensação dos anos 90, o Dallas Cowboys, que buscavam seu terceiro título em quatro anos e estavam em uma justa posição de favoritos para o jogo. Mesmo tendo um histórico de vantagem em Super Bowls contra a equipe do Texas, este jogo seria completamente diferente daqueles da década de 70.
O jogo mais dramático possível…
Dallas começou o jogo de maneira agressiva, indo para o intervalo com uma vantagem de 13×7 e ampliando para 20×7. Um fator que pode ter sido determinante para o resultado do jogo foi o retorno do principal cornerback dos Steelers, Rod Woodson, que se tornou o primeiro jogador a ter seu ligamento do joelho rompido e retornar na mesma temporada. Porém, Woodson acabou saindo do jogo após desviar um passe para Michael Irvin, devido a dores em seu joelho operado, infelizmente jogando de maneira limitada. Mas como tudo em Pittsburgh se resume a muita luta e perseverança, a equipe renasceu no segundo tempo e o jogo ficou 20×17 nos minutos finais. O time de Pittsburgh teria a posse para tentar a virada histórica ou levar o jogo para a prorrogação e ter sua coroação como pentacampeão do Super Bowl. Então, a realidade bate à porta e o limitado quarterback Neil O’Donnell lança sua segunda interceptação de maneira bizarra para Larry Brown, que seria eleito o MVP daquele Super Bowl. Na posse seguinte, a equipe de Dallas faria o touchdown para selar a vitória em 27×17. Era o fim de uma temporada mágica. Nenhum daqueles jogadores retornaria a um Super Bowl com a camisa preta e dourada, mas aquele foi o time que devolveu o orgulho e a esperança para toda a Steeler Nation, e certamente tem participação naquilo que foi construído nos anos posteriores. Mesmo sem o título, aquela grande equipe sempre estará presente na história e lembranças do Pittsburgh Steelers.
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Autor: Guilherme Baiffus / @GuiemeBaiffus